Resenha de Tinta: Caixa de Pássaros


Autor: Josh Malerman
Número de páginas: 272
Editora: Intrínseca
Ano: 2015


“Não abra os olhos...”
Hein?!?


            Imaginem-se vendados. Andando nas ruas desertas cheias de carros abandonados, cadáveres e todos os componentes de uma cena pós-apocalíptica. Massss, você não sabe o que causou tudo isso, não sabe se todo o planeta foi atingido. Não sabe de nada. E continua vendado...





            A história não nos situa quanto à época, mas algo em torno da década de 90, eu acho. Malorie mora com a irmã Shannon e está grávida de alguém que não importa muito. Quando o primeiro incidente acontece na Rússia, ela não dá a mínima, mas Shannon já fica bem preocupada e fazendo todo o alarde possível. Em algum lugar esquecido da Rússia, alguém, do nada, decide matar outra pessoa com requintes de maldade e depois se mata. Quando o surto então começa a acontecer no Alaska e logo depois na cidade vizinha, Malorie toma consciência do problema. Mas o quê as pessoas veem antes de enlouquecerem?
            Ninguém sabe.
            Malorie vai então pra uma casa onde já moram outras pessoas não familiares: Tom, Jules, Félix, Cheryl e Don. Logo depois de Malorie, chega Olympia, grávida também. Nenhuma das pessoas ali eram moradoras da casa. O dono, George, tinha morrido ao ver uma das criaturas. Todas as tarefas são divididas e a casa vive em relativa harmonia. Todas as janelas são tapadas com cobertores e todos usam vendas quando precisam sair até o poço pra pegar água ou pra jogar os baldes de fezes e urina.
            Há momentos em que dá a impressão que há criaturas ao redor, observando, analisando, tentando. A curiosidade humana é levada ao limite extremo: ver ou viver?
            O que pode enlouquecer mais, a visão das criaturas ou o confinamento junto à pessoas tão diferentes e desconhecidas?
            Há aquelas pessoas onde em situações extremas, deixam aflorar o que há de mais abundante dentro de si: o mal ou o bem. E há aquelas pessoas que escolhem o que vai transparecer, mas sempre chega o momento da queda da máscara.
            Esse livro mexeu comigo.
            Eu tinha medo dele, dos vários comentários sobre ser de terror e tal, mas me descobri querendo ler, ler e ler. Não para descobrir o que são as temíveis criaturas, mas para vivenciar cada momento de aprendizado, de medo, de vitória e de superação da Malorie.
            É um tapa na cara tudo o que essa moça é provada e aprovada.
            Me perguntaram se eu seria uma sobrevivente. Eu respondi que só de pensar na venda, eu já estou me coçando e suando. Eu não acredito que conseguiria viver na escuridão.
            É um livro enigmático, reflexivo, maravilhoso. Queria mais, bem mais!
            Dica: não foquem nas criaturas que ninguém vê. Foquem nas criaturas que os humanos podem se tornar.
            Adorei.
P.S.: Li, li muito. Mas de DIA! Kkkkkkkkk

Sou medrosa sim e fiquei morrendo de medo de olhar pelas janelas! ;) 

“... Ela imagina a casa como se fosse uma grande caixa. Quer sair daquela caixa. Tom e Jules, mesmo do lado de fora, ainda estão naquela caixa. O planeta inteiro está trancado nela. O mundo está confinado à mesma caixa de papelão que abriga os pássaros do lado de fora. Malorie entende que Tom está procurando uma maneira de abrir a tampa. Busca uma saída. Mas ela se pergunta se não há outra tampa acima daquela, e depois mais uma.
Encaixotados, pensa. Para sempre.” Pág. 193



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